sábado, 18 de outubro de 2008

Mais um vestígio.

Havia cores difundidas e eu sentia o cheiro da dor.
Quando a alma está suja demais e precisa ser lavada, é inevitável conter o mar nos olhos. E quando ele seca, e a alma ainda não foi renovada, o espírito dói. Era assim que eu me sentia naquele dia nublado de sexta feira. A minha percepção de cor ia além das nuvens que escondiam o céu e da falta de vida do outro lado da janela. Numa escala linda e dolorosa de cinza eu percebia vários outros tons perturbadores. Concreto era o que eu via, mas por baixo da minha capa de pele, formava-se uma erosão. E eu falei besteiras demais tentando me salvar. Eu pensei em coisas desordenadas que me fizeram agir tão de repente que eu nem senti o apertar da corda. Mas eu sabia perfeitamente que o ar estava faltando, as mãos do meu destino me enforcavam. E a cortina de água salgada secava em meu rosto não muito doce. Diante desse presente que me parece tão irreal, eu me pergunto em que esquina ficou a minha existência. Em qual copo, em qual boca. Ainda me lembro de como a felicidade me invadia e eu era capaz de ver os raios de luz que saltavam do meu rosto, da minha pele. Eu era radiante. Ria por qualquer coisa, mas eram apenas tentativas. Alguma coisa se perdeu de mim. As coisas em geral se desprendem de mim sem que eu perceba. Então, é tarde demais para entender um não. É tarde demais para moldar outra personalidade, menos complexa. Mais propícia à felicidade.
• Preciso aprender a conviver comigo •

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

É PRECISO saber.

Essa música acaba com a minha vida. Foi feita pra mim, sabe? ;)

Il Faut Savoir
Charles Aznavour

Il faut savoir encore sourire
(É preciso saber ainda sorrir)
Quand le meilleur s'est retiré
(Quando o melhor se retirou)
Et qu'il ne reste que le pire
(E resta apenas o pior)
Dans une vie bête à pleurer
(Em uma vida boba a chorar)

Il faut savoir, coûte que coûte,
(É preciso saber, custe o que custar)
Garder toute sa dignité
(Manter toda a dignidade)
Et, malgré ce qu'il nous en coûte,
(E, apesar do que nos custe)
S'en aller sans se retourner
(Ir embora sem olhar pra trás)

Face au destin, qui nous désarme,
(Frente ao destino que nos desarma)
Et devant le bonher perdu,
(E diante a felicidade perdida)
Il faut savoir cacher ses larmes
(É preciso saber esconder as lágrimas)
Mais moi, mon coeur,je n'ai pas su
(Mas eu, meu coração, eu não sabia)

Il faut savoir quitter la table
(É preciso saber deixar a mesa)
Lorsque l'amour est desservi
(Quando o amor é servido)
Sans s'accrocher, l'air pitoyable,
(Sem vontade, com ar miserável)
Mais partir sans faire de bruit
(Mas partir sem fazer barulho)

Il faut savoir cacher sa peine
(É preciso saber esconder a tristeza)
Sous le masque de tous les jours
(Sobre a máscara do dia-a-dia)
Et retenir les cris de haine
(E segurar os gritos de ódio)
Qui sont les derniers mots d'amour
(Que são as últimas palavras de amor)

Il faut savoir rester de glace
(É preciso saber permanecer frio)
Et taire un coeur qui meurt déja
(E calar um coração que já morre)
Il faut savoir garder la face
(É preciso saber gaurdar a face)
Mais moi je t'aime trop
(Mas eu te amo demais)
Mais moi je ne peux pas
(Mas eu nao posso)
Il faut savoir
(É preciso saber)
Mais moi je ne sais pas
(Mas eu nao sei)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

­Could you trust me?

Confie em mim.
Eu não vou contar nossos segredos.
Eu vou contar os meus, mas só porque acontece de fluírem involuntariamente. Fora do meu controle. Emanam de mim. Não é poesia, não é arte. É apenas uma das formas.

Falsos segredos, falsas confissões.
Livro aberto que tento fechar... Maldita necessidade de me expressar, compartilhar.

O que é seu está aqui, é meu.
Mas o que é meu está por aí.
Em algum olhar que ficou gravado na mente de alguém. Em algumas palavras geralmente ditas em horas erradas. Em um sorriso natural ou não. Coisas que já esqueci, mas há sempre alguém com boa memória.

Mas insisto, confie em mim.
Apesar de falhar comigo, eu não hei de falhar com você.

domingo, 12 de outubro de 2008

Parte de mim - vestígios


Tento ser otimista a respeito do que sinto, mas há uma ampla distância entre tentar e conseguir. Sou perita na arte de me enganar. Devo a algumas pessoas alguma reação e sinto muito decepcionar, amo quem me quer bem e não é este o meu problema. Quero dizer que não é fácil como pensam os meus amores. Não desprezo suas boas intenções, sou muitas coisas, mas não sou injusta, ou pelo menos, tento não ser. Falo da agonia de uma alma inquieta. Falo do que sou feita. E posso dizer que não sou tão fraca quanto pareço. Enfrento o meu fantasma, levanto todo dia de manhã e pinto um sorriso nos lábios. Meu espírito por fim explode, depois, ajoelha-se aos meus pés e tenta se erguer. Cai novamente, derrete feito uma poça. Pisoteado pelos meus pés. E eu, ansiosamente, espero. Espero ele se solidificar, modelo-o de acordo com minhas possibilidades e o abraço, trazendo-o de volta ao meu corpo. A minha cabeça continua nas nuvens e eu ainda não fui vencida pelo meu cansaço. Sou muitas, mudo de máscaras. Mas nunca hei de mudar a minha essência.